Na noite do último 4 de novembro, às 19h, a sede da Associação dos Moradores do Povoado de Balbino recebeu uma Reunião sobre o Turismo na comunidade, conduzida por Flávia Pereira, idealizadora do projeto “Balbino Mar de Experiências”. Depois de um ano de atividades intensas, intercâmbios e visitas técnicas, Flávia apresentou à comunidade os resultados alcançados desde setembro de 2023 e apontou os próximos passos rumo à consolidação da Praia do Balbino como destino referência em turismo sustentável, cultural e comunitário.
Durante a apresentação, Flávia destacou que o projeto surgiu de uma inquietação compartilhada entre ela e o turismólogo Ataíde Belchior, que buscava compreender o potencial turístico local. A proposta nasceu da força histórica da própria comunidade, marcada pela resistência à especulação imobiliária. Essa trajetória, somada ao declínio de atividades tradicionais como a pesca artesanal e à visibilidade crescente de manifestações como a Dança do Coco, abriu espaço para o turismo comunitário como alternativa de renda, preservação e afirmação cultural.
Os resultados apresentados revelaram avanços em várias frentes. Foram realizadas reuniões com a comunidade envolvendo barracas de praia, meios de hospedagens e a Associação dos Moradores, montagem de grupos no WhatsApp para organização setorial, visitas técnicas, recepção de influenciadores, jornalistas e pesquisadores, além de ações que geraram retorno econômico direto em hospedagem e alimentação. A Dança do Coco, por exemplo, ganhou visibilidade, recebendo convites para eventos regionais e nacionais. As rendeiras também passaram a ter maior engajamento e organização coletiva. O destino passou a atrair visitantes e parcerias, recebendo apoio de empresas.
Um dos principais assuntos da apresentação foi a série de eventos nacionais nos quais o Balbino esteve representado. Flávia relatou sua participação no Fórum Brasileiro de Turismo Responsável, onde teve contato direto com lideranças como Marcelo Freixo e Tânia Neres (Embratur), além de conhecer experiências premiadas de turismo comunitário pelo país. Também apresentou os impactos da presença no Seminário de Culturas Tradicionais e Populares da Chapada dos Veadeiros, onde o Balbino foi divulgado como destino cultural, ampliando redes de contato e aprendizados. Em Brasília, houve ainda reuniões com ministérios em busca de apoio ao ENACOCO – Encontro Nacional das Danças de Coco – e uma série de visitas à gabinetes de Deputados Federais do Ceará no Congresso Nacional, somando articulação institucional e visibilidade cultural.
O projeto também garantiu participação na Feira de Turismo Rural da Chapada Diamantina, a convite do SEBRAE, e na ABAV Expo Internacional no Rio de Janeiro, junto à Agência de Desenvolvimento Turístico da Rota das Falésias. No evento, a Praia do Balbino teve contato com modelos consolidados de turismo comunitário, como a Favela Santa Marta, ampliando o leque de possibilidades e parcerias. A apresentação reforçou uma convicção central: turismo comunitário não é assistencialismo, e sim desenvolvimento econômico real, valorização cultural e preservação ambiental. “Para ser bom para o turista, tem que ser bom para a comunidade”, enfatizou Flávia.
Ao falar sobre os próximos passos, Flávia trouxe metas claras: ampliar a organização interna, produzir material de divulgação, estruturar coordenações setoriais e preparar o Balbino para presença em feiras como BTM, WTM São Paulo, FITUR e BTL Lisboa. Também foram anunciadas novas reuniões por eixos – Gastronomia, Dança do Coco, Hospedagens, Rendeiras, Feira e Pescadores – além da criação de núcleos responsáveis por vendas, promoção e articulação institucional. O projeto prevê ainda a realização de um Famtour, com presença de agentes de viagens, influenciadores, gestores públicos e potenciais parceiros estratégicos.
Flávia encerrou a noite com uma reflexão direta: o Balbino já tem visibilidade, história e reconhecimento, mas agora é a comunidade que precisa estar unida e disposta a fazer o que precisa ser feito. “Seguimos com uma bagagem boa de conhecimento, porém a comunidade deve estar disposta a fazer a sua parte”, disse. A reunião terminou com sentimento de entusiasmo, pertencimento e clareza: o turismo comunitário do Balbino deixou de ser promessa e se tornou caminho concreto de futuro.





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